domingo, 6 de dezembro de 2009

Melhor Prática Social 2009




Bom, depois de 1 ano e 7 meses de trabalho na comunidade do res. Che Guevara poder participar do prêmio Melhores Práticas Sociais do Pará 2009 foi maravilhoso. É resultado de todo um trabalho em equipe, com muita parceria, força de vontade e dedicação. Parceria e dedicação com os moradores de lá e de cada comunidade que foi representada no dia 03 de dezembro no auditório da Caixa Econômica Federal pelo PAC-COSANPA. Lá estamos, em sua maioria absoluta, muitos atores que fizeram acontecer este projeto. Melhor que isso, eles foram prestigiar e conseguiram junto com toda a equipe social "abocanhar" o prêmio de Melhor Prática Social 2009. Dentre as práticas estavam as oficinas de reclagem, prática esta que me foi designada a defender.Foi maravilhoso pra mim estar a frente desta prática que há muito tempo venho valorizando neste blog, pois mudou a vida não só da sueli, da fátima, da iracema, da bena, da mônica, da rai ou da mayres, mas mudou a vida de toda aquela comunidade. A minha vida também mudou, pois participei deste processo ativamente. A alegria destas mulheres quando ganhamos o prêmio foi tanta que não cabia no peito. O fato delas se verem como protagonistas deste espetáculo é grandioso demais, nós da equipe social tornamo-nos meros telespectadores e diretores da peça.Eles sim abrilhantaram e foram responsáveis por tudo isso. E o nosso teatro?Maravilhoso, valeu os ensaios e as discussões sobre o textos, estagiários de parabéns (arnould sem comentários).O kit âncora da prática deixou os jurados babando. Claro, quem eram os artistas do estrelado vídeo?Edlúcia e Wagner. Não meus queridos não era uma atriz novata encenando com o Wagner Moura. Era a Edlúcia e o Wagner do Che Guevara, moradores desta brilhante comunidade, que a cada dia tem mais personagens para se orgulhar. Bom, por mérito reconhecido ganhamos o prêmio, e nessa hora quero esclarecer o quão é importante o papel do técnico social neste processo, ele nada mais é do que um caça-talentos. E no Che Guevara, digamos que não tivemos muito trabalho, lá existem muitos talentos. Parabéns para toda nossa equipe, para os municípios que lá foram bem represenatdos e claro para a Galera do Che Guevara, não poderia esquecer: Parabéns Sr. Vitor Dagort pelo seu depoimento emocionante e claro pra Sueli, pelas suas palavras sempre de luta e embrulhadas de esperança e vitória.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Força, Garra e Perseverança


Cada dia que passa me sinto mais feliz e orgulhosa por conhecer pessoas únicas e especiais. Quero registrar aqui o sucesso do Frutal 2009 (Belém-PA) não pela sua riqueza que já lhe é peculiar, mas por ter abraçado os micro-emprendedores do Residencial Almir Gabriel, em especial Sr. Laércio e a Raimunda. Foi uma satisfação enorme poder passear pelo Hangar e poder ver em um dos stands uma sementinha que está rendendo muitos frutos. No início deste semestre foi realizado um curso de associativismo e cooperativismo e de lá nasceu a Cooperativa de Produtores Rurais do Pará (COPRAPA), a cooperativa experimental criada durante curso organizado pela minha companheira de Projeto, Mara, e que está sendo um sucesso. Temos que parabenizar mais uma vez essa comunidade e, claro, o Sr. Laércio, homem de luta e determinado, que através de suas mudas de plantas tem conquistado o mercado, assim como a Rai, como a chamamos, que de uma simples oficina de papelão, conseguiu levar á frente o trabalho artesanal, e hoje produz borboletas feitas de papelão reciclado e ainda, diversos chaveiros de diferentes tipos feitos de miçanga (ainda não vi nada igual por ai). Um luxo gente!!!Já tenho alguns na minha coleção!. Bom desejo sucesso à esta dupla, e que levem o nome desta comunidade sempre para a estrela do sucesso. Ah Menoyara!!!

Ah Parabéns ao Veterano, Sandro, com a COOPSANT. Muito sucesso pra vocês!

sábado, 30 de maio de 2009

Problema Social - Ana Carolina e Seu jorge


Se eu pudesse, eu dava um toque em meu destino
Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão
Nem o bom menino que vendeu limão
E trabalhou na feira pra comprar seu pão
Não aprendi as maldades que essa vida tem
Mataria a minha fome sem ter que roubar ninguém
Juro que eu não conhecia a famosa funabem

Onde foi minha morada desde os tempos de neném
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém
Seria eu um intelectual
Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal
Muitos me chamam de pivete
Mas poucos me deram um apoio moral
Se eu pudesse eu não seria um problema social

sexta-feira, 22 de maio de 2009

União


A violência nas escolas está estampada em todos veículos de comunicação, entretanto, as medidas adotadas para aniquilar da nossa realidade estes episódios não estão considerando a instituição família e escola no processo. Os jovens, cada vez mais, necessitam de direcionamento familiar, bem como precisar desde cedo saber distinguir o significado da palavra liberdade. Há liberdade de expressão e criação à todos. São livres para produzir conhecimentos, idéias, projetos, inventos.

No entanto a liberdade que não é assistida pelos pais, digo a liberdade com viés negativo à formação dos jovens, pode torná-lo passível de realizar ações nocivas à escola, à sociedade e claro, diretamente à sua família.

De acordo com o Art. 15 do Estatuto da Criança e do Adolescente "A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis".


A liberdade deve ser praticada com responsabilidade e que condicione o jovem para sua formação ética e cidadã.


Tomo como experiência vivida a oportunidade que tive de ver potencializada a liberdade de expressão e de criatividade de jovens de uma escola pública estadual instalada no Res. Che Guevara (Marituba-Pa), num universo etário de 11 a 18 anos. Através de uma Gincana Ecológica, cerca de mil crianças e adolescentes, puderam experimentar o sabor de praticar ações de cunho ambiental. Á primeira vista parecia algo de outro mundo aos professores, mas para os jovens a oportunidade de mostrar o acúmulo de conhecimento e a criatividade escondida dentro de cada um, que seria no sentido metafórico (positivo) como uma granada que precisaria ser puxado o pino para poder explodir.

Puxar o pino foi o primeiro passo. Cada atividade colocada era um impulso para que cada um pudesse ver explodir dentro de si a criatividade e o conhecimento que estava guardado.


A atividade que mais congregou os jovens da Escola, cito o nome, Eduardo Lauande, foi a arrecadação de garrafas PET. Destaco que os alunos foram divididos por séries e formaram grupos próprios, sendo que a coleta de garrafas teve a participação de todos os jovens envolvidos no processo e também dos pais e comunidade no geral.

Perfeito!Pais e alunos atuando juntos e a comunidade participando das ações da escola. Integração social. E, ainda mais, as expectativas de arrecadação foram ultrapassadas, já que a meta esperada eram 500 garrafas por grupo (formaram-se 7 grupos), mas o alcance foi mais de 1.000 garrafas por grupo, o que totalizou 7.667 garrafas PET. Espetacular!

A possibilidade de repassar aos jovens a importância da reciclagem foi exitosa e com a atividade tiveram a oportunidade de realizar um feito em comunhão, em parceria, em UNIÃO, todos trabalham pelo objetivo único de ajudar o meio ambiente e claro, estirpar todas as vias de preconceito de que as escolas da periferia, principalmente locadas em bairros ditos pela mídia como violentos, onde reside a marginalidade têm sim jovens habilidosos, inteligentes, que não estão às margens da sociedade, pelo contrário, são o núcleo desta.


As outras atividades como plantio de mudas, paródias, confecção de cartazes de recicláveis e roupas destinadas ao desfile da miss da gincana também feita de recicláveis, foram um show a parte. Que criatividade! A paródia vencedora sobre meio ambiente foi uma versão da música "Ana Júlia" da banda Los Hermanos de uma letra bem apropriada para a situação atual do nosso meio ambiente(fico devendo a letra da música).


E os cartazes?Pareciam ganhar vida na tentativa de compreender sua mensagem, os jovens demonstraram toda a indignação com as condições em que se encontra nossa natureza.


Um luxo através do lixo foi o desfile das miss da gincana ecológica. As alunas tiveram a oportunidade de expressar a criatividade através dos materiais recicláveis a cada detalhe que se percebia na montagem das roupas. Uma maravilha aos olhos do melhor estilista!


O resultado desta atividade que foi realizada pelo PAC, ficou expresso nas palavras da aluna do 2º ano Mayara Andrade: "União".


Isso mesmo! A maioria dos alunos estava restrita dentro de suas salas, com esse universo de alunos, e coma gincana puderam se conhecer, aprender e apreender juntos o significado da liberdade. Liberdade esta expressa na criatividade de cada um, na iniciativa de plantar uma muda de planta, de criar algo bonito para ser visto por todos, de cantar aos quatro ventos que a natureza não aguenta mais tanto descuido e despreocupação.


A gincana ecológica realizada nesta escola não emplacou nos jornais, mas desenhou na mente de cada jovem conceitos como respeito, união, participação, cooperação e o mais importante, que é possível dar-se instrumentos (puxar o pino da granada!) para que eles se integrem socialmente, desenvolvendo tecnologias sociais e tenham a liberdade de criar, inventar, contribuir com o meio ambiente e, também construir dentro de si algo belo que é o "re-conhecimento" deles mesmos enquanto cidadãos e seres humanos imbuídos de potencialidades que precisam ser exploradas e mostradas (o explodir a granada!).

Acreditar é o primeiro passo para se trilhar o sucesso!


As necessidades humanas permeiam não só as necessidades básicas, mas também necessidades que estão alocadas na subjetividade de cada um. Realização para uns é ter um carro, uma casa, estabilidade profissional. Para outros é ser feliz somente, com o pouco que se tem. As necessidades de cada um são peculiares ao estilo de vida que a pessoa leva, muitas tem a oportunidade, mas não conseguem visualizar as possibilidades concretas de se chegar até o sucesso. Outras não tem oportunidade, mas tem o dom de perceber em pequenos detalhes algo de valor que pode ser aprimorado.


Inicio aqui a história de vida de uma mulher de fibra e vencedora, que está lutando pela sua realização enquanto ser humano dotado de inteligência e criatividade. Sueli está famosa com as "obras de arte" que vem produzindo com outras mulheres na sua comunidade. Ela aproveitou a oportunidade e hoje está tendo a autonomia de seguir sua vida, satisfazendo suas necessidades humanas e subjetivas. Através da reciclagem da garrafa PET, ela está produzindo arranjo de flores e palmeiras, conhecimento obtido através de uma oficina de reciclagem e um curso de empreeendedorismo promovido pelo PAC, no residencial Che Guevara (Marituba).


Ela é feliz com o pouco que tem, mas com sua força de vontade e determinação chegou bem mais longe e ainda tem muito a trilhar neste caminho de sucesso.


Em suas palavras expressa com emoção que antes da oportunidade que teve estava em casa sem estímulo pra trabalhar, e quando pôde participar destas atividades percebeu que aquilo poderia mudar sua vida, só dependia dela mesma.


Aprendeu a criar flores de PET, ensinou a seus familiares e amigos, montou um grupo e foi mais além: está ensinando jovens esta ocupação. Maravilha! Exemplo de superação e empreendedorismo!


Hoje em dia Sueli é reconhecida pelo seu trabalho na comunidade e também está atuando como agente de educação ambiental, já que está reciclando o PET, material que pode poluir o meio ambiente.


A sua produção hoje já ultrapassa fronteiras. Seu trabalho já está nos EUA. Ela traçou suas metas e alcançou o êxito. Mas ela quer mais! Sabendo de sua responsabilidade com a preservação do meio ambiente, a cada sol se sente mais estimulada a dar um trato diferenciado ás garrafas transformando-as em verdadeiras "obras de arte".