sexta-feira, 22 de maio de 2009

União


A violência nas escolas está estampada em todos veículos de comunicação, entretanto, as medidas adotadas para aniquilar da nossa realidade estes episódios não estão considerando a instituição família e escola no processo. Os jovens, cada vez mais, necessitam de direcionamento familiar, bem como precisar desde cedo saber distinguir o significado da palavra liberdade. Há liberdade de expressão e criação à todos. São livres para produzir conhecimentos, idéias, projetos, inventos.

No entanto a liberdade que não é assistida pelos pais, digo a liberdade com viés negativo à formação dos jovens, pode torná-lo passível de realizar ações nocivas à escola, à sociedade e claro, diretamente à sua família.

De acordo com o Art. 15 do Estatuto da Criança e do Adolescente "A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis".


A liberdade deve ser praticada com responsabilidade e que condicione o jovem para sua formação ética e cidadã.


Tomo como experiência vivida a oportunidade que tive de ver potencializada a liberdade de expressão e de criatividade de jovens de uma escola pública estadual instalada no Res. Che Guevara (Marituba-Pa), num universo etário de 11 a 18 anos. Através de uma Gincana Ecológica, cerca de mil crianças e adolescentes, puderam experimentar o sabor de praticar ações de cunho ambiental. Á primeira vista parecia algo de outro mundo aos professores, mas para os jovens a oportunidade de mostrar o acúmulo de conhecimento e a criatividade escondida dentro de cada um, que seria no sentido metafórico (positivo) como uma granada que precisaria ser puxado o pino para poder explodir.

Puxar o pino foi o primeiro passo. Cada atividade colocada era um impulso para que cada um pudesse ver explodir dentro de si a criatividade e o conhecimento que estava guardado.


A atividade que mais congregou os jovens da Escola, cito o nome, Eduardo Lauande, foi a arrecadação de garrafas PET. Destaco que os alunos foram divididos por séries e formaram grupos próprios, sendo que a coleta de garrafas teve a participação de todos os jovens envolvidos no processo e também dos pais e comunidade no geral.

Perfeito!Pais e alunos atuando juntos e a comunidade participando das ações da escola. Integração social. E, ainda mais, as expectativas de arrecadação foram ultrapassadas, já que a meta esperada eram 500 garrafas por grupo (formaram-se 7 grupos), mas o alcance foi mais de 1.000 garrafas por grupo, o que totalizou 7.667 garrafas PET. Espetacular!

A possibilidade de repassar aos jovens a importância da reciclagem foi exitosa e com a atividade tiveram a oportunidade de realizar um feito em comunhão, em parceria, em UNIÃO, todos trabalham pelo objetivo único de ajudar o meio ambiente e claro, estirpar todas as vias de preconceito de que as escolas da periferia, principalmente locadas em bairros ditos pela mídia como violentos, onde reside a marginalidade têm sim jovens habilidosos, inteligentes, que não estão às margens da sociedade, pelo contrário, são o núcleo desta.


As outras atividades como plantio de mudas, paródias, confecção de cartazes de recicláveis e roupas destinadas ao desfile da miss da gincana também feita de recicláveis, foram um show a parte. Que criatividade! A paródia vencedora sobre meio ambiente foi uma versão da música "Ana Júlia" da banda Los Hermanos de uma letra bem apropriada para a situação atual do nosso meio ambiente(fico devendo a letra da música).


E os cartazes?Pareciam ganhar vida na tentativa de compreender sua mensagem, os jovens demonstraram toda a indignação com as condições em que se encontra nossa natureza.


Um luxo através do lixo foi o desfile das miss da gincana ecológica. As alunas tiveram a oportunidade de expressar a criatividade através dos materiais recicláveis a cada detalhe que se percebia na montagem das roupas. Uma maravilha aos olhos do melhor estilista!


O resultado desta atividade que foi realizada pelo PAC, ficou expresso nas palavras da aluna do 2º ano Mayara Andrade: "União".


Isso mesmo! A maioria dos alunos estava restrita dentro de suas salas, com esse universo de alunos, e coma gincana puderam se conhecer, aprender e apreender juntos o significado da liberdade. Liberdade esta expressa na criatividade de cada um, na iniciativa de plantar uma muda de planta, de criar algo bonito para ser visto por todos, de cantar aos quatro ventos que a natureza não aguenta mais tanto descuido e despreocupação.


A gincana ecológica realizada nesta escola não emplacou nos jornais, mas desenhou na mente de cada jovem conceitos como respeito, união, participação, cooperação e o mais importante, que é possível dar-se instrumentos (puxar o pino da granada!) para que eles se integrem socialmente, desenvolvendo tecnologias sociais e tenham a liberdade de criar, inventar, contribuir com o meio ambiente e, também construir dentro de si algo belo que é o "re-conhecimento" deles mesmos enquanto cidadãos e seres humanos imbuídos de potencialidades que precisam ser exploradas e mostradas (o explodir a granada!).

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